segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

A LENDA DO PAJADOR.

A Lenda do Pajador 
Há muitos anos, mas muitos anos mesmo, pelos campos despovoados andava um homem errante, sem lar e sem hábitos de trabalho. Este homem, que era um gaúcho, quando havia guerra empunhava armas, mas em tempos de paz, não sabia a que dedicar-se, visto que sua principal habilidade era recitar versos que ele mesmo compunha. Tinha outra paixão gostava das morochas de todos os lugares por onde passava, montando seu bonito cavalo, encilhado à maneira típica do sul do continente. Gostava de todas, especialmente as boas moças, mas não se casava com nenhuma porque em nenhuma encontrava juntas todas as virtudes e belezas que deveria possuir sua mulher sonhada. Logo, quando em uma região, em um pago, encontrava alguma que começava a se interessar vivamente por ela em pouco tempo de conhecê-la, renascia o desejo de seguir recorrendo terras, onde encontrava outras mulheres. Mas de tanto andar sem se topar com a companheira única e para sempre o homem começou aborrecer-se com sua solidão, tornando-se triste e enfermo. Então decidiu visitar um velho feiticeiro, em uma gruta, e que era famoso por seu poder extraordinário para curar enfermidades do corpo e da alma e pelos dons que concedia aos seus visitantes, quando quem lhe pedia, por sua bondade e virtudes era merecedor. Como o homem desta lenda era bom e virtuoso, coisa que não era incompatível com o que fazia com as gurias lindas, o velho feiticeiro lhe escutou com toda atenção e se propôs a lhe ajudar.
Quando o gaúcho havia concluído a relação de suas queixas e exposto seus desejos, o velho lhe disse: “Visto que não encontras o que tem sonhado e buscas com tanto afã, eu te darei algo que se assemelha muito ao que desejas, para que vá te consolando enquanto não encontres a mulher com a qual sonha tua imaginação. Te darei um objeto construído com um pedaço de árvore, mas é uma coisa feminina, com forma de mulher e alma musical, com carne cor de canela, com cabelos soltos que te encarregarás de pentear, com uma cavidade no peito para que tu, homem, concluas de harmonizá-lo, pondo-lhe dentro de teu próprio coração. Aqui está. Toma.”
O feiticeiro entregou ao gaúcho uma viola. O gaúcho, surpreso, a tomou em seus braços, estendeu amorosamente suas cordas - que estavam soltas e enredadas, como cabelos despenteados - e pondo nela seus dedos e seu sentimento, extraiu doces notas musicais e improvisou. Havia nascido o pajador.


* Autor desconhecido, fonte: Jornal do Nativismo.

Por hora é isso, inté fui...

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